Curiosidades sobre a história das Olimpíadas [vídeo]
EDIÇÃO: JOÃO PINHEIRO
Já foi dada a largada para o maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos. Na última sexta, dia 5, ocorreu a cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio 2016. Então, que tal conhecermos um pouco mais sobre a história desse evento? Veja só!
Antes de mais nada, gostaria de agradecer à Banda Blame, que disponibilizou sua música “Opinião” para ser usada como trilha para a abertura do Papo de Curioso. Veja mais do trabalho deles aqui!
Os gregos talvez sejam os criadores ou inspiradores de quase tudo no mundo. Não podia ser diferente com o esporte, não é mesmo? Por volta de 770 a.C., os soldados e jovens gregos começaram a usar o esporte como forma de homenagear os deuses e desenvolver suas habilidades físicas.
A cada quatro anos, as centenas de cidades-estado gregas deixavam de lado as diferenças e se uniam em um festival de culto e práticas esportivas, sempre na cidade de Olímpia. Assim surgiram os Jogos Olímpicos da antiguidade.
Por mais de seis séculos, os Jogos mantiveram sua regularidade e seu prestígio, mas acabaram entrando em declínio após a conquista romana da Grécia. Entretanto, a ideia não foi abandonada.
Foi pensando em reavivar a ideia de um evento capaz de unir os diferentes povos em torno do esporte e da cooperatividade que o francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, tomou a iniciativa e propôs a criação do Comitê Olímpico Internacional e a restituição dos Jogos Olímpicos.
Pierre de Coubertin organizou, no ano de 1894, um congresso internacional, no qual foi criado oficialmente o COI e determinada a primeira sede das Olimpíadas da atualidade. Seria Atenas, capital da Grécia, nada mais justo!
Os Jogos se realizaram dois anos depois, em 1896, e foram um verdadeiro sucesso. Cerca de 100 mil pessoas acompanharam o discurso de abertura, feito pelo rei Jorge I, no famoso Estádio Panatenaico.
241 atletas de 41 países, competindo em 9 esportes diferentes. Foi assim que surgiram os Jogos Olímpicos como conhecemos hoje. A partir de Atenas 1896, as Olimpíadas passaram a ser realizadas a cada quatro anos, como mandava o ritual grego, até que chegamos à 31ª edição do evento. 2016, Rio de Janeiro. Pela primeira vez na América do Sul. Pela primeira vez no Brasil.
Mas não estamos aqui para falar exclusivamente da Olimpíada do Rio, e sim das Olimpíadas em geral! Alguns fatos, algumas curiosidades. Por exemplo: você sabe qual foi a primeira Olimpíada em que o Brasil participou?
Foi em 1920, nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica. O país competiu em 5 esportes. Natação, saltos ornamentais, polo aquático e remo não obtiveram posições no pódio, mas o tiro (sim, o tiro esportivo) foi responsável pelas primeiras três medalhas brasileiras. Uma de ouro, uma de prata e uma de bronze.
Guilherme Paraense, tenente do Exército Brasileiro, competiu na modalidade de tiro rápido 25m e conseguiu o primeiro ouro brasileiro, batendo o americano Raymond Bracken por 2 pontos. Na pistola livre 50m, Afrânio da Costa conseguiu a prata. Os dois ainda fizeram parte da equipe brasileira na disputa de pistola militar 50m por equipes, na qual o Brasil conseguiu um bronze.
O Brasil só voltaria a conquistar medalhas 28 anos depois, nos Jogos de Londres 1948. Foi um bronze com a equipe de basquete. Mas o verdadeiro trunfo brasileiro surgiu na Olimpíada seguinte. Ainda em Londres, o brasileiro Adhemar Ferreira da Silva participou do salto triplo, mas não conseguiu uma posição de destaque. 4 anos depois, em Helsinki, na Finlândia, ele surpreendeu, não só pelo ouro inédito do Brasil no atletismo, mas também por quebrar o próprio recorde mundial com um salto de 16.22m.
Ele aumentou sua marca no Pan da Cidade do México 1955 para 16.56m. Nos Jogos seguintes, em Melborne 1956, veio o segundo ouro de Adhemar. Um salto de 16.35m, que quebrou o próprio recorde olímpico. Ele é o único brasileiro no Hall da Fama da IAAF, instituição responsável pelo atletismo mundial.
O salto triplo rendeu mais medalhas ao Brasil. Na Cidade do México 1968 e em Munique 1972, Nelson Prudêncio conquistou respectivamente uma prata e um bronze.
Já em Montreal 1976 veio a primeira medalha de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo. Um bronze. Em Moscou 1980, a maior controvérsia da carreira. Os juízes soviéticos anularam 9 dos 11 saltos de João, o que o fez terminar na terceira colocação, mais um bronze, logo atrás de dois atletas soviéticos.
Em 2000, o The Sydney Morning Herald, o principal jornal da Austrália publicou uma reportagem afirmando que os saltos anulados do brasileiro eram parte de um esquema para dar o tetracampeonato olímpico ao soviético Viktor Saneyev. O esquema acabou dando errado por culpa de seu compatriota Jaak Uudmäe, que saltou mais longe e ficou com o ouro.
Moscou foi palco de dois ouros brasileiros na vela, nas classes tornado e 470. Em Los Angeles 1984, Joaquim Cruz conquistou o ouro nos 800 metros. Ele também conquistou a prata em Seul 1988, ano em que Aurélio Miguel foi ouro no judô.
Barcelona 1992 foi a Olimpíada em que o vôlei masculino faturou seu primeiro ouro. O judô foi outra modalidade que rendeu ouro, o segundo do país, dessa vez com Rogério Sampaio. Em Atlanta 1996, o Brasil conseguiu uma boa participação em Olimpíadas, com 15 medalhas no total, 3 ouros, 3 pratas e 9 bronzes.
Destaque para a vela, ouro com Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, e para o vôlei de praia feminino, cuja final foi entre duas duplas brasileiras. Ouro para Jackie e Sandra, prata para Adriana e Mônica. Também prata foi o basquete feminino de Hortência e companhia. Bronze no vôlei feminino e no futebol masculino.
Em Sydney 2000, o Brasil não obteve nenhum ouro, mas conquistou 6 pratas e 6 bronzes. De Atenas 2004, você deve lembrar da clássica cena de Vanderlei Cordeiro de Lima sendo retirado da pista na maratona por um torcedor. Sobre isso vamos falar em breve.
Nessa Olimpíada, foram 5 ouros brasileiros: Rodrigo Pessoa no hipismo; o vôlei masculino; Ricardo e Emanuel no vôlei de praia; Robert Scheidt na vela; e Torben Grael e Marcelo Ferreira na vela. Além deles, foram prata o futebol feminino e Adriana e Shelda no vôlei de praia e bronze, além de Vanderlei Cordeiro de Lima, Leandro Guilheiro e Flávio Canto no judo.
Em Pequim 2008, foram ouro: Maurren Maggi no salto em distância; César Cielo nos 50m livre; e o vôlei feminino. Prata: o futebol feminino; Robert Scheidt e Bruno Prada na vela; o vôlei masculino; e Márcio Araújo e Fábio Luiz Magalhães no vôlei de praia. Bronze com: o futebol masculino; Ketleyn Quadros, Leandro Guilheiro e Tiago Camilo no judô; Natália Falavigna no taekwondo; novamente César Cielo nos 100m livre; Fernanda Oliveira e Isabel Swan na vela; e Emanuel e Ricardo no vôlei de praia.
Nos últimos Jogos, em Londres 2012, o Brasil ficou com 3 ouros: Sarah Menezes no judô; Arthur Zanetti nas argolas; e novamente o vôlei feminino, o segundo ouro seguido. Foram 5 pratas e 9 bronzes. Agora, fica a nossa torcida pelo Brasil nos Jogos do Rio.
Não existe honraria maior no esporte que receber a Medalha Pierre de Coubertin. Ela só é dada a quem demonstre um alto grau de esportividade e espírito olímpico.
E uma das pessoas que recebeu essa grande honraria foi o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele disputava a maratona na Olimpíada de Atenas 2004, quando um sujeito do público entrou na pista e agarrou o atleta, empurrando Vanderlei até o povo que assistia a prova.
Essa interrupção poderia acabar com a corrida do atleta por completo, mas Vanderlei não desistiu, voltou à prova com a ajuda de outras pessoas que acompanhavam a maratona e seguiu. Porém, esse ato foi suficiente para diminuir o ritmo do brasileiro, que não conseguiu mais segurar as posições e acabou por ser ultrapassado.
Mesmo assim, ele não abandonou a prova e chegou em terceiro, ovacionado pelo público no Estádio Panatenaico, o mesmo da primeira Olimpíada. Pela desportividade e pelo espírito olímpico demonstrados, Vanderlei recebeu, além do bronze, a Medalha Pierre de Coubertin.
Para se ter uma ideia, apenas 18 pessoas receberam essa medalha. Vanderlei é o único atleta da América Latina a recebê-la. Entre os condecorados, estão:
Eugenio Monti, ex-atleta italiano do bobsleigh: Em Innsbruck (Áustria) 1964, forneceu um parafuso reserva para os atletas britânicos na prova de duplas e ajudou os canadenses a consertarem seu trenó na prova de equipes. Ambos os ajudados terminaram com o ouro e Monti com o bronze. Foi o primeiro a receber a Medalha Pierre de Coubertin.
Luz Long, ex-atleta alemão do salto em distância: Em Berlim 1936, a tão controversa Olimpíada na Alemanha Nazista, Long desafiou o governo de Hitler ao dar conselhos a seu adversário Jesse Owens, que ficou com o ouro, fato que se tornou a maior afronta aos nazistas durante os Jogos.
Tana Umaga, ex-jogador neo-zelandês de rugby: Em 2003, durante um jogo, Umaga socorreu seu adversário, que tinha se engasgado com o protetor bucal, após sofrer um tackle e ficar inconsciente. Umaga então abandonou o contra-ataque e correu para salvar o outro jogador.
Petar Cupać, Ivan Bulaja e Pavle Kostov, velejadores croatas: Em Pequim 2008, após não se classificarem para a final da categoria 49er, emprestaram seu barco aos velejadores dinamarqueses, que tiveram o mastro de sua vela danificado. Eles conquistaram o ouro graças aos croatas.
Apesar de os Jogos Olímpicos serem uma grande festa, em seus mais de 100 anos de “reexistência”, alguns momentos em especial, tanto positivos quanto negativos, ficaram marcados na história.
É o caso do atleta que citamos há pouco, Jesse Owens. Ele participou da Olimpíada de Berlim 1936. A capital alemã foi escolhida como sede em 1931, antes da chegada de Adolf Hitler ao poder. O chanceler utilizou-se então dos Jogos como mais uma forma de propaganda nazista.
Mas o que ele não esperava era que o americano negro Jesse Owens fosse capaz de conquistar 4 ouros. 100 m, 200 m, salto em distância e revezamento 4x100 m. Como dissemos, essa foi a maior afronta à politica segregacionista da Alemanha nazista. Hitler se recusou a cumprimentar e entregar a medalha de ouro ao americano e teria se retirado do estádio ao ver a vitória de Owens sobre o alemão Luz Long.
Pois é, as Olimpíadas também podem ser palco de cenas lamentáveis, como as de Munique 1972. Nesse ano, 11 atletas israelenses foram assassinados na Vila Olímpica por uma organização terrorista palestina. Eles queriam a libertação de prisioneiros árabes. Ao todo, 18 pessoas foram mortas na ação, entre elas atletas, policiais e terroristas.
Mas deixemos esse astral negativo de lado e vamos lembrar que nos Jogos seguintes, em Montreal 1976, a romena Nadia Comaneci foi a primeira ginasta da história a receber uma nota 10. A apresentação perfeita. Detalhe: aos 14 anos.
O mais curioso é que os placares não estavam prontos para uma nota com quatro dígitos (contando as unidades e os centésimos). Por isso, foi mostrada a ela a nota 1.00. Mas logo foi anunciado que o correto era o 10.
A Olimpíada seguinte foi em Moscou 1980. Como resposta à invasão do Afeganistão pela União Soviética, ocorrida no ano anterior, os Estados Unidos e parte do bloco capitalista, em plena Guerra Fria, anunciaram um boicote ao evento.
Isso deixou triste o ursinho Misha, mascote dos Jogos, que “chorou” na Cerimônia de Encerramento, em um mosaico incrível. A cena ficou tão famosa, que Misha voltou nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi 2014, onde novamente ele chorou no Encerramento da competição.
Mas voltando para nossa sequência, chegamos a Los Angeles 1984. O bloco socialista, não tão emotivo quanto seu ursinho Misha, se “vingou” dos americanos e também boicotou o evento. Mas o grande destaque dessa Olimpíada - não por uma medalha, mas por sua superação - foi a maratonista suíça Gabrielle Andersen-Schiess.
Já muito desgastada pela prova, Gabrielle chegou cambaleante ao estádio e protagonizou uma das cenas mais marcantes de todos os tempos. Ela deu a última volta no Estádio Olímpico se arrastando, com cãibras e dores. Os últimos 200 metros da maratona levaram 10 minutos para serem concluídos.
Logo ao passar pela linha de chegada, a atleta caiu desacordada nos braços dos médicos. Essa imagem se tornou símbolo de superação. E aí? Gabrielle merecia receber uma Medalha Pierre de Coubertin?
Outra cena de superação nas Olimpíadas que ficou imortalizada na história é a já comentada maratona de Atenas 2004, na qual Vanderlei Cordeiro de Lima foi atrapalhado, mas não desistiu e chegou em terceiro.
Pequim 2008 foi a Olimpíada que já começou surpreendendo já na Cerimônia de Abertura. 2008 tambores, com seus 2008 percussionistas, todos eles perfeitamente em sincronia para uma das aberturas mais bem elaboradas das Olimpíadas.
Foi em Pequim que Michael Phelps conquistou 8 medalhas de ouro na natação. Somando-se as disputas de 2004, 2008 e 2012, Phelps totaliza 18 ouros, 2 pratas e 2 bronzes, o que o torna o maior atleta olímpico de todos os tempos.
Ainda em 2008, surgiu aquele que se tornaria uma das maiores lendas vivas do esporte. Usain Bolt conquistou ouro nos 100 m, 200 m e no revezamento 4x100 m, inclusive batendo os recordes mundiais das respectivas provas. Bolt ainda repetiu o feito e conquistou 3 ouros em Londres 2012. E não se esqueça: tanto Phelps quanto Bolt vão competir no Rio.
E para encerrar a nossa lista de momentos marcantes das Olimpíadas, nada melhor que lembrar das Cerimônias de Abertura e Encerramento de Londres 2012. Show de fogos, grandes músicos, espetáculo de Mr. Bean, missão especial do agente especial 007 e até a Rainha Elizabeth II pulando de paraquedas.
Os Jogos do Rio 2016 começaram com algumas controvérsias, como os apartamentos da Vila Olímpica inacabados, a Baía de Guanabara poluída e suja, além de outros problemas… Bem, só nos resta esperar que, no esporte, tudo corra bem e que tenhamos um espetáculo de desportividade.
Acesse também:
Canal MineImpact, do ZuriBuilder
Site da banda Blame
Videoclipe de "Opinião", da Blame
Já foi dada a largada para o maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos. Na última sexta, dia 5, ocorreu a cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio 2016. Então, que tal conhecermos um pouco mais sobre a história desse evento? Veja só!
Antes de mais nada, gostaria de agradecer à Banda Blame, que disponibilizou sua música “Opinião” para ser usada como trilha para a abertura do Papo de Curioso. Veja mais do trabalho deles aqui!
Os gregos talvez sejam os criadores ou inspiradores de quase tudo no mundo. Não podia ser diferente com o esporte, não é mesmo? Por volta de 770 a.C., os soldados e jovens gregos começaram a usar o esporte como forma de homenagear os deuses e desenvolver suas habilidades físicas.
A cada quatro anos, as centenas de cidades-estado gregas deixavam de lado as diferenças e se uniam em um festival de culto e práticas esportivas, sempre na cidade de Olímpia. Assim surgiram os Jogos Olímpicos da antiguidade.
Por mais de seis séculos, os Jogos mantiveram sua regularidade e seu prestígio, mas acabaram entrando em declínio após a conquista romana da Grécia. Entretanto, a ideia não foi abandonada.
Foi pensando em reavivar a ideia de um evento capaz de unir os diferentes povos em torno do esporte e da cooperatividade que o francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, tomou a iniciativa e propôs a criação do Comitê Olímpico Internacional e a restituição dos Jogos Olímpicos.
Pierre de Coubertin organizou, no ano de 1894, um congresso internacional, no qual foi criado oficialmente o COI e determinada a primeira sede das Olimpíadas da atualidade. Seria Atenas, capital da Grécia, nada mais justo!
Os Jogos se realizaram dois anos depois, em 1896, e foram um verdadeiro sucesso. Cerca de 100 mil pessoas acompanharam o discurso de abertura, feito pelo rei Jorge I, no famoso Estádio Panatenaico.
241 atletas de 41 países, competindo em 9 esportes diferentes. Foi assim que surgiram os Jogos Olímpicos como conhecemos hoje. A partir de Atenas 1896, as Olimpíadas passaram a ser realizadas a cada quatro anos, como mandava o ritual grego, até que chegamos à 31ª edição do evento. 2016, Rio de Janeiro. Pela primeira vez na América do Sul. Pela primeira vez no Brasil.
Mas não estamos aqui para falar exclusivamente da Olimpíada do Rio, e sim das Olimpíadas em geral! Alguns fatos, algumas curiosidades. Por exemplo: você sabe qual foi a primeira Olimpíada em que o Brasil participou?
Foi em 1920, nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica. O país competiu em 5 esportes. Natação, saltos ornamentais, polo aquático e remo não obtiveram posições no pódio, mas o tiro (sim, o tiro esportivo) foi responsável pelas primeiras três medalhas brasileiras. Uma de ouro, uma de prata e uma de bronze.
Guilherme Paraense, tenente do Exército Brasileiro, competiu na modalidade de tiro rápido 25m e conseguiu o primeiro ouro brasileiro, batendo o americano Raymond Bracken por 2 pontos. Na pistola livre 50m, Afrânio da Costa conseguiu a prata. Os dois ainda fizeram parte da equipe brasileira na disputa de pistola militar 50m por equipes, na qual o Brasil conseguiu um bronze.
O Brasil só voltaria a conquistar medalhas 28 anos depois, nos Jogos de Londres 1948. Foi um bronze com a equipe de basquete. Mas o verdadeiro trunfo brasileiro surgiu na Olimpíada seguinte. Ainda em Londres, o brasileiro Adhemar Ferreira da Silva participou do salto triplo, mas não conseguiu uma posição de destaque. 4 anos depois, em Helsinki, na Finlândia, ele surpreendeu, não só pelo ouro inédito do Brasil no atletismo, mas também por quebrar o próprio recorde mundial com um salto de 16.22m.
Ele aumentou sua marca no Pan da Cidade do México 1955 para 16.56m. Nos Jogos seguintes, em Melborne 1956, veio o segundo ouro de Adhemar. Um salto de 16.35m, que quebrou o próprio recorde olímpico. Ele é o único brasileiro no Hall da Fama da IAAF, instituição responsável pelo atletismo mundial.
O salto triplo rendeu mais medalhas ao Brasil. Na Cidade do México 1968 e em Munique 1972, Nelson Prudêncio conquistou respectivamente uma prata e um bronze.
Já em Montreal 1976 veio a primeira medalha de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo. Um bronze. Em Moscou 1980, a maior controvérsia da carreira. Os juízes soviéticos anularam 9 dos 11 saltos de João, o que o fez terminar na terceira colocação, mais um bronze, logo atrás de dois atletas soviéticos.
Em 2000, o The Sydney Morning Herald, o principal jornal da Austrália publicou uma reportagem afirmando que os saltos anulados do brasileiro eram parte de um esquema para dar o tetracampeonato olímpico ao soviético Viktor Saneyev. O esquema acabou dando errado por culpa de seu compatriota Jaak Uudmäe, que saltou mais longe e ficou com o ouro.
Moscou foi palco de dois ouros brasileiros na vela, nas classes tornado e 470. Em Los Angeles 1984, Joaquim Cruz conquistou o ouro nos 800 metros. Ele também conquistou a prata em Seul 1988, ano em que Aurélio Miguel foi ouro no judô.
Barcelona 1992 foi a Olimpíada em que o vôlei masculino faturou seu primeiro ouro. O judô foi outra modalidade que rendeu ouro, o segundo do país, dessa vez com Rogério Sampaio. Em Atlanta 1996, o Brasil conseguiu uma boa participação em Olimpíadas, com 15 medalhas no total, 3 ouros, 3 pratas e 9 bronzes.
Destaque para a vela, ouro com Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, e para o vôlei de praia feminino, cuja final foi entre duas duplas brasileiras. Ouro para Jackie e Sandra, prata para Adriana e Mônica. Também prata foi o basquete feminino de Hortência e companhia. Bronze no vôlei feminino e no futebol masculino.
Em Sydney 2000, o Brasil não obteve nenhum ouro, mas conquistou 6 pratas e 6 bronzes. De Atenas 2004, você deve lembrar da clássica cena de Vanderlei Cordeiro de Lima sendo retirado da pista na maratona por um torcedor. Sobre isso vamos falar em breve.
Nessa Olimpíada, foram 5 ouros brasileiros: Rodrigo Pessoa no hipismo; o vôlei masculino; Ricardo e Emanuel no vôlei de praia; Robert Scheidt na vela; e Torben Grael e Marcelo Ferreira na vela. Além deles, foram prata o futebol feminino e Adriana e Shelda no vôlei de praia e bronze, além de Vanderlei Cordeiro de Lima, Leandro Guilheiro e Flávio Canto no judo.
Em Pequim 2008, foram ouro: Maurren Maggi no salto em distância; César Cielo nos 50m livre; e o vôlei feminino. Prata: o futebol feminino; Robert Scheidt e Bruno Prada na vela; o vôlei masculino; e Márcio Araújo e Fábio Luiz Magalhães no vôlei de praia. Bronze com: o futebol masculino; Ketleyn Quadros, Leandro Guilheiro e Tiago Camilo no judô; Natália Falavigna no taekwondo; novamente César Cielo nos 100m livre; Fernanda Oliveira e Isabel Swan na vela; e Emanuel e Ricardo no vôlei de praia.
Nos últimos Jogos, em Londres 2012, o Brasil ficou com 3 ouros: Sarah Menezes no judô; Arthur Zanetti nas argolas; e novamente o vôlei feminino, o segundo ouro seguido. Foram 5 pratas e 9 bronzes. Agora, fica a nossa torcida pelo Brasil nos Jogos do Rio.
Não existe honraria maior no esporte que receber a Medalha Pierre de Coubertin. Ela só é dada a quem demonstre um alto grau de esportividade e espírito olímpico.
E uma das pessoas que recebeu essa grande honraria foi o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele disputava a maratona na Olimpíada de Atenas 2004, quando um sujeito do público entrou na pista e agarrou o atleta, empurrando Vanderlei até o povo que assistia a prova.
Essa interrupção poderia acabar com a corrida do atleta por completo, mas Vanderlei não desistiu, voltou à prova com a ajuda de outras pessoas que acompanhavam a maratona e seguiu. Porém, esse ato foi suficiente para diminuir o ritmo do brasileiro, que não conseguiu mais segurar as posições e acabou por ser ultrapassado.
Mesmo assim, ele não abandonou a prova e chegou em terceiro, ovacionado pelo público no Estádio Panatenaico, o mesmo da primeira Olimpíada. Pela desportividade e pelo espírito olímpico demonstrados, Vanderlei recebeu, além do bronze, a Medalha Pierre de Coubertin.
Para se ter uma ideia, apenas 18 pessoas receberam essa medalha. Vanderlei é o único atleta da América Latina a recebê-la. Entre os condecorados, estão:
Eugenio Monti, ex-atleta italiano do bobsleigh: Em Innsbruck (Áustria) 1964, forneceu um parafuso reserva para os atletas britânicos na prova de duplas e ajudou os canadenses a consertarem seu trenó na prova de equipes. Ambos os ajudados terminaram com o ouro e Monti com o bronze. Foi o primeiro a receber a Medalha Pierre de Coubertin.
Luz Long, ex-atleta alemão do salto em distância: Em Berlim 1936, a tão controversa Olimpíada na Alemanha Nazista, Long desafiou o governo de Hitler ao dar conselhos a seu adversário Jesse Owens, que ficou com o ouro, fato que se tornou a maior afronta aos nazistas durante os Jogos.
Tana Umaga, ex-jogador neo-zelandês de rugby: Em 2003, durante um jogo, Umaga socorreu seu adversário, que tinha se engasgado com o protetor bucal, após sofrer um tackle e ficar inconsciente. Umaga então abandonou o contra-ataque e correu para salvar o outro jogador.
Petar Cupać, Ivan Bulaja e Pavle Kostov, velejadores croatas: Em Pequim 2008, após não se classificarem para a final da categoria 49er, emprestaram seu barco aos velejadores dinamarqueses, que tiveram o mastro de sua vela danificado. Eles conquistaram o ouro graças aos croatas.
Apesar de os Jogos Olímpicos serem uma grande festa, em seus mais de 100 anos de “reexistência”, alguns momentos em especial, tanto positivos quanto negativos, ficaram marcados na história.
É o caso do atleta que citamos há pouco, Jesse Owens. Ele participou da Olimpíada de Berlim 1936. A capital alemã foi escolhida como sede em 1931, antes da chegada de Adolf Hitler ao poder. O chanceler utilizou-se então dos Jogos como mais uma forma de propaganda nazista.
Mas o que ele não esperava era que o americano negro Jesse Owens fosse capaz de conquistar 4 ouros. 100 m, 200 m, salto em distância e revezamento 4x100 m. Como dissemos, essa foi a maior afronta à politica segregacionista da Alemanha nazista. Hitler se recusou a cumprimentar e entregar a medalha de ouro ao americano e teria se retirado do estádio ao ver a vitória de Owens sobre o alemão Luz Long.
Pois é, as Olimpíadas também podem ser palco de cenas lamentáveis, como as de Munique 1972. Nesse ano, 11 atletas israelenses foram assassinados na Vila Olímpica por uma organização terrorista palestina. Eles queriam a libertação de prisioneiros árabes. Ao todo, 18 pessoas foram mortas na ação, entre elas atletas, policiais e terroristas.
Mas deixemos esse astral negativo de lado e vamos lembrar que nos Jogos seguintes, em Montreal 1976, a romena Nadia Comaneci foi a primeira ginasta da história a receber uma nota 10. A apresentação perfeita. Detalhe: aos 14 anos.
O mais curioso é que os placares não estavam prontos para uma nota com quatro dígitos (contando as unidades e os centésimos). Por isso, foi mostrada a ela a nota 1.00. Mas logo foi anunciado que o correto era o 10.
A Olimpíada seguinte foi em Moscou 1980. Como resposta à invasão do Afeganistão pela União Soviética, ocorrida no ano anterior, os Estados Unidos e parte do bloco capitalista, em plena Guerra Fria, anunciaram um boicote ao evento.
Isso deixou triste o ursinho Misha, mascote dos Jogos, que “chorou” na Cerimônia de Encerramento, em um mosaico incrível. A cena ficou tão famosa, que Misha voltou nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi 2014, onde novamente ele chorou no Encerramento da competição.
Mas voltando para nossa sequência, chegamos a Los Angeles 1984. O bloco socialista, não tão emotivo quanto seu ursinho Misha, se “vingou” dos americanos e também boicotou o evento. Mas o grande destaque dessa Olimpíada - não por uma medalha, mas por sua superação - foi a maratonista suíça Gabrielle Andersen-Schiess.
Já muito desgastada pela prova, Gabrielle chegou cambaleante ao estádio e protagonizou uma das cenas mais marcantes de todos os tempos. Ela deu a última volta no Estádio Olímpico se arrastando, com cãibras e dores. Os últimos 200 metros da maratona levaram 10 minutos para serem concluídos.
Logo ao passar pela linha de chegada, a atleta caiu desacordada nos braços dos médicos. Essa imagem se tornou símbolo de superação. E aí? Gabrielle merecia receber uma Medalha Pierre de Coubertin?
Outra cena de superação nas Olimpíadas que ficou imortalizada na história é a já comentada maratona de Atenas 2004, na qual Vanderlei Cordeiro de Lima foi atrapalhado, mas não desistiu e chegou em terceiro.
Pequim 2008 foi a Olimpíada que já começou surpreendendo já na Cerimônia de Abertura. 2008 tambores, com seus 2008 percussionistas, todos eles perfeitamente em sincronia para uma das aberturas mais bem elaboradas das Olimpíadas.
Foi em Pequim que Michael Phelps conquistou 8 medalhas de ouro na natação. Somando-se as disputas de 2004, 2008 e 2012, Phelps totaliza 18 ouros, 2 pratas e 2 bronzes, o que o torna o maior atleta olímpico de todos os tempos.
Ainda em 2008, surgiu aquele que se tornaria uma das maiores lendas vivas do esporte. Usain Bolt conquistou ouro nos 100 m, 200 m e no revezamento 4x100 m, inclusive batendo os recordes mundiais das respectivas provas. Bolt ainda repetiu o feito e conquistou 3 ouros em Londres 2012. E não se esqueça: tanto Phelps quanto Bolt vão competir no Rio.
E para encerrar a nossa lista de momentos marcantes das Olimpíadas, nada melhor que lembrar das Cerimônias de Abertura e Encerramento de Londres 2012. Show de fogos, grandes músicos, espetáculo de Mr. Bean, missão especial do agente especial 007 e até a Rainha Elizabeth II pulando de paraquedas.
Os Jogos do Rio 2016 começaram com algumas controvérsias, como os apartamentos da Vila Olímpica inacabados, a Baía de Guanabara poluída e suja, além de outros problemas… Bem, só nos resta esperar que, no esporte, tudo corra bem e que tenhamos um espetáculo de desportividade.
Acesse também:
Canal MineImpact, do ZuriBuilder
Site da banda Blame
Videoclipe de "Opinião", da Blame