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Por que existem tipos de sangue diferentes?

João Pinheiro + fontes
Alguma vez em sua vida, você já deve ter ouvido falar sobre os tipos de sangue: Algumas letras [mais precisamente A, B e O] com sinais de mais ou menos. Mas você sabe dizer por que há diferenças entre os sangues? Descubra a resposta para essa #DúvidaCruel!


O sangue é um dos tecidos [sim, é um tecido] mais importantes do corpo humano: ele leva nutrientes, oxigênio, hormônios, anticorpos e muito mais para as células, e retira delas os excretas [metabólitos] e o gás carbônico.

Mas cada tipo sanguíneo possui características únicas, que podem causar estragos se estiverem no corpo errado; por isso, é muito importante que você conheça os tipos sanguíneos e o que eles significam.

Por que existem tipos de sangue diferentes?


Cientistas acreditam que os diferentes tipos que conhecemos surgiram à medida que os primeiros humanos se adaptaram a doenças infecciosas. Por exemplo, a malária pode estar por trás do tipo O:
[o tipo O] é mais predominante na África e em outras partes do mundo que sofrem com a malária, sugerindo que o tipo sanguíneo possui algum tipo de vantagem evolucionária. (…) Nesse caso em particular (…) células infectadas com malária não se unem direito às células de sangue dos tipos O ou B (…) Por isso, pessoas com o tipo O ficam menos doentes quando são infectadas pela malária”.

Como os tipos de sangue são classificados?


Hoje, os tipos são classificados de acordo com a presença ou ausência de dois antígenos [ou aglutinogênios], A e B, na superfície dos glóbulos vermelhos.

↪ A imagem ao lado [em espanhol] mostra a “atuação” dos aglutinogênios na definição do sangue

Além disso, o sangue também é descrito como positivo ou negativo, de acordo com a presença ou ausência do fator Rh.

↪ Antígenos e anticorpos

De uma forma geral, antígenos são “qualquer substância à qual o sistema imunológico pode responder”. No que diz respeito ao sangue, a membrana de cada glóbulo sanguíneo contém milhões de antígenos que são ignorados pelo sistema imunológico. Apesar disso, quaisquer células vermelhas doadas que contenham antígenos diferentes dos seus próprios serão atacadas pela defesa do corpo.

Os elementos que atacam essas células vermelhas também estão no sangue: o plasma contém anticorpos anti-A ou anti-B, dependendo do grupo sanguíneo. Anticorpos são moléculas importantes que nosso sistema imunológico produz para ajudar a nos proteger contra invasores, como vírus e bactérias, e também podem ser formados em resposta a diferentes grupos sanguíneos.

↪ Fator Rh

A maioria das pessoas [cerca de 85%] possui uma proteína especial em suas células sanguíneas, chamada de fator Rh, o que que as torna Rh positivo; as outras, que não possuem, são chamadas Rh negativo.

Mulheres que já ficaram grávidas devem lembrar do teste de Rh, que procura por qualquer incompatibilidade: Se a mãe é Rh negativo e o bebê é Rh positivo, o corpo da mãe vai reagir ao sangue do bebê como sendo um invasor e o corpo dela irá criar anticorpos contra o sangue Rh positivo do bebê. 

É mais provável que a incompatibilidade de Rh cause problemas na segunda gravidez ou nas seguintes, quando os anticorpos podem cruzar a placenta e atacar as células vermelhas do bebê, levando-o a uma anemia hemolítica.

Por sorte, se uma incompatibilidade for descoberta cedo, há um tratamento pré-natal [imunoglobulina anti-Rh] que previne os problemas antes mesmo que comecem.

Quais são os tipos sanguíneos?


↪ Tipo A

No Brasil, os tipos sanguíneos mais comuns são o O e o A, que abrangem 87% da população. O tipo A é caracterizado pela presença do antígeno A em seu glóbulos vermelhos e do anticorpo B em seu plasma.

Ele é seguro para ser doado para outros com o tipo A e para os que tiverem o tipo AB. Além disso, pessoas com o tipo A também podem receber transfusões de sangue tipo O.

↪ Tipo B

Esse tipo é relativamente raro [só ganhando do AB], presente em 10% dos brasileiros. Ele contém o antígeno B nos glóbulos vermelhos e o anticorpo A [para atacar antígenos A] em seu plasma.

Pessoas com o sangue tipo B podem doar com segurança para outras com o mesmo tipo, assim como para as com o tipo AB. Quem tem o tipo B também pode receber sangue do tipo O com segurança.

↪ Tipo AB

Incomum, apenas 3% dos brasileiros possuem o sangue tipo AB. Ele é caracterizado pela presença tanto de antígenos A quanto B em suas células vermelhas, e nenhum anticorpo em seu plasma [ou seja, nada irá atacar o sangue recebido de fora].

Por essa razão, aqueles com o tipo AB são às vezes chamados de receptores universais, porque podem receber sangue de qualquer um. Mas, devido à presença de ambos os antígenos nos glóbulos vermelhos AB, as pessoas com esse tipo só podem doar para outras com o mesmo tipo.

↪ Tipo O

Como dissemos, os tipos sanguíneos O e A são os mais comuns no Brasil. O tipo O não tem nem antígenos A nem B em suas células vermelhas, mas possui os dois anticorpos em seu plasma.

Por isso, aqueles com o sangue tipo O só podem receber esse tipo em transfusões, já que os anticorpos em seu plasma atacariam qualquer outro tipo; porém, aqueles com o tipo O podem doar sangue para qualquer um, já que o tipo O é livre de antígenos que agridam o sistema imunológico. Por isso os com tipo O são chamados “doadores universais”.

O que acontece se você recebe o sangue errado?


Antes de qualquer transfusão de sangue, o hospital faz um teste para determinar seu tipo sanguíneo. Ou seja, não é um problema se você não souber qual é o seu tipo: na verdade, o hospital fará o teste de qualquer maneira.

Afinal, caso você receba o tipo errado, podem acontecer coisas muito ruins, como explica o National Institute of Health:
Ocorre uma reação transfusional hemolítica aguda, seja durante a transfusão ou até 24 horas depois. Estranhamente, o paciente pode relatar uma ‘sensação de morte iminente’. Ele também pode reclamar de queimação no lugar da infusão, junto a calafrios, febre, dor nas costas e nos flancos (…).
As reações mais severas envolvem hemólise intravascular; as células vermelhas doadas são destruídas ainda nos vasos sanguíneos pelos anticorpos de quem recebeu o sangue. (…)
A hemoglobina é liberada e excretada na urina (…) deixando-a marrom escuro(…).
A bilirrubina (…), normalmente secretada na bile pelo fígado, em vez disso se acumula no sangue, causando icterícia.
A ativação maciça do sistema complemento [que ajuda os anticorpos a limpar patógenos do corpo] pode causar insuficiência cardiovascular. A grande quantidade de tromboplastina liberada pelos restos de glóbulos vermelhos, que ativa um efeito cascata incontrolável de coagulação, também pode causar estado de choque...”

Como doar sangue?


Você pode descobrir seu tipo sanguíneo se doar sangue. Basta procurar o hemocentro mais próximo de você: confira esta lista de hemocentros do Brasil; ou visite o endereço www.saude.XX.gov.br, trocando XX pela sigla do seu estado, para saber mais.

Estes são os pré-requisitos para doar sangue:

↪ Estar em boas condições de saúde;

↪ Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos [menores de 18 anos, clique para ver documentos necessários e formulário de autorização];

↪ Pesar no mínimo 50 kg;

↪ Estar descansado [ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas];

↪ Estar alimentado [evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação];

↪ Apresentar documento original com foto emitido por órgão oficial [Carteira de Identidade, Cartão de Identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social].



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Fonte: Gizmodo
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