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Uma cidade submarina na orla do Rio feita de lixo do oceano e impressão 3D



EDIÇÃO: JOÃO PINHEIRO
Estimativas dos cientistas afirmam que os oceanos recebam cerca de 8 milhões de toneladas de lixo plástico por ano. Grande parte destes e outros resíduos costuma se acumular em regiões oceânicas específicas, devido ao movimento circular das correntes marítimas.

O que fazer com esse lixo é uma questão ainda sem resposta para pesquisadores e ambientalistas. Entretanto, um arquiteto belga acredita ter uma solução inusitada, ainda que utópica: usá-lo para criar cidades submarinas autossuficientes e sem impacto ambiental. Veja só!


Vicent Callebaut idealizou o projeto Aequorea usando como cenário a costa do Rio de Janeiro. As imagens-conceito mostram arranha-céus flutuantes inspirados em águas-vivas, que seriam produzidos com impressão 3D a partir de um tipo ainda inédito de material, o “algoplast”.

Esse material seria obtido a partir da mistura do plástico encontrado hoje na Grande Porção de Lixo do Pacífico — área oceânica de milhares de km² coberta por resíduos — e algas.







As ecovilas, que no momento são apenas um projeto, teriam o custo estimado de 2 mil euros por metro quadrado, o que exigiria gastos de cerca de R$ 11 bilhões para tirar o Aequorea do papel, segundo sites especializados em arquitetura.

Suas estruturas desceriam em espiral rumo ao fundo do oceano. Em seus 250 andares e 1 km de extensão, as construções abrigariam não só espaços para moradia, mas também laboratórios, escritórios, hotéis, escolas, áreas para a prática de esportes e fazendas.

Essas ecovilas compostas por mil arranha-céus abrigariam 20 mil pessoas cada uma. Seriam autossuficientes e não gerariam prejuízos ao meio ambiente. Para ser bebida, a água do mar teria de ser dessalinizada, processo que costuma ser caro e complexo. O lixo orgânico seria reciclado com o auxílio de algas.

Segundo o projeto, nem mesmo seria necessária eletricidade para iluminar seu interior: a bioluminescência natural de organismos marinhos se encarregaria disso. O oxigênio seria renovado por meio de dutos que chegariam até a superfície.

E, como a pressão na água aumenta quanto maior for a profundidade, suas estruturas externas teriam de reforçadas.

Sua forma semelhante à de águas-vivas não foi escolhida por acaso. Ela foi pensada para dar estabilidade a estas estruturas mesmo diante da força de correntes marítimas e outros fenômenos naturais, como tempestades e tremores do fundo do oceano.

O projeto tem como intenção destacar a constante diminuição dos recursos naturais e a necessidade de se limpar a “nojenta mistura de resíduos à base de petróleo” criada pelo despejo de plástico no oceano.

Esse é o mais recente em uma série de projetos conceituais do arquiteto, incluindo um sistema de transporte alimentado por algas e arranha-céus cobertos de plantas.

Callebaut apresenta a ideia na forma de uma carta dirigida ao “povo da terra”, na qual acusa a população atual de descuidadamente “hipotecar o destino das gerações futuras”. Ela é assinada por uma fictícia adolescente “aquanauta” chamada Óceane, em 24 de dezembro de 2065.

“Quando o meu avô me conta sobre sua forma de vida terrestre do tempo, parece totalmente absurdo hoje”, diz o texto. “Eles estavam consumindo a cidade como uma mercadoria, ao invés de utilizá-la para um bem comum, que deve ser nutrido em simbiose com a natureza”.

A carta termina com um aviso: “Nunca se esqueça disso: os oceanos produzem 50% do oxigênio do planeta! Eles são o pulmão mais ativo da Terra. Vale a pena o trabalho de limpeza para re-encantar a nossa vida juntos, você não acha?”

COM TRECHOS DE: BBC BRASIL; DEZEEN
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