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Por que os papéis ficam amarelados?

GIZMODO | EDIÇÃO: JOÃO PINHEIRO
Você já se perguntou por que aqueles livros ou jornais guardados por alguns poucos anos ficam com uma cor mais amarelada? Pois bem, trazemos agora a resposta para mais essa #DúvidaCruel! Veja só!


Jornais antigos são fascinantes artefatos de documentação histórica, mostram de momentos marcantes aos mais relativamente mundanos. Infelizmente, eles também são bem difíceis de ler, devido à coloração amarelada, meio marrom e às letras desbotadas. Então por que jornais e livros antigos amarelam? E existe alguma maneira de prevenir isso?

O papel foi inventado por volta do ano 100 a.C., na China. Originalmente feito de cânhamo molhado que era, então, reduzido a uma polpa — casca de árvore, bambu e outras fibras de planta foram eventualmente usados. O papel se espalhou por toda a Ásia, primeiramente sendo usado apenas em documentos oficiais e importantes, mas assim que o processo se tornou mais eficiente e barato, ele se tornou muito comum.

O papel chegou pela primeira vez à Europa por volta do século XI. Este papel era feito de um tipo de linho. Enquanto papel, livros e a impressão evoluiriam pelos próximos 800 anos, com a impressa de Gutenberg chegando em meados do século XV. Ele era normalmente feito de linho, trapos, algodão e outras fibras de plantas. Foi na metade do século XIX que o papel feito de fibra de madeira passou a imperar.

Com o tempo, o papel de polpa de madeira chegou ao seu auge. Mas enquanto a polpa era mais barata e tão durável quanto o algodão ou outros papéis de linho, havia alguns inconvenientes. O mais significante: papel de polpa de madeira é muito mais inclinado a reagir aos efeitos do oxigênio e da luz do Sol.

Madeira é feita primariamente de duas substâncias compostas por polímeros — celulose e lignina. Celulose é o material orgânico mais abundante na natureza. É também tecnicamente sem cor e reflete luz muito bem, ao invés de absorvê-la [o que resulta em opacidade]; por causa disso, humanos veem celulose na cor branca.

Entretanto, celulose também é suscetível à oxidação, apesar de não tanto quanto a lignina. Oxidação causa a perda de elétrons e enfraquece o material. No caso da celulose, isso pode resultar na absorção de um pouco da luz, fazendo o material parecer mais “desbotado” e menos branco [alguns descrevem como “mais quente”], mas não é isso que causa a maior parte do amarelamento de papéis antigos.

Lignina, a outra substância, é encontrada em abundância no papel, em particular nos jornais. Ela é o composto que faz com que a madeira seja forte e dura. Inclusive, de acordo com o Dr. Hou-Min Chang da Universidade Estadual da Carolina do Norte, “sem a lignina, uma árvore poderia atingir apenas uns 2 metros de altura”. Essencialmente, a lignina funciona como uma forma de “cola”, ligando com mais firmeza as fibras de celulose e ajudando a manter a árvore muito mais firme, o que faz com que fique mais alta, além de ajudar a resistir à pressões externas, como o vento.

A lignina possui uma cor mais escura por natureza. A lignina também é altamente suscetível à oxidação. A exposição ao oxigênio [especialmente quando combinada com a luz do Sol] altera a estrutura molecular da lignina, ocasionando uma mudança na forma como o composto absorve e reflete a luz, resultando em uma cor amarelo-amarronzada ao olho humano.

Como o papel de jornais tende a ser feito com processos mais baratos e eficientes, é comum que os níveis de lignina sejam altos e que ela esteja mais presente em jornais do que em, digamos, papéis para livros, no qual um processo de clareamento é usado para remover um pouco da substância. Assim, conforme o papel jornal vai ficando velho, é exposto a mais oxigênio, tornando-se, assim, amarelado mais rapidamente do que os outros tipos de papel.

Os papeis usados em livros tendem a ter maior qualidade, pois têm boa parte da lignina removida durante um processo de clareamento. É por isso que eles demoram mais a amarelar. Entretanto, os produtos químicos usados no processo para tornar o papel mais branco deixam a celulose ainda mais suscetível à oxidação do que antes, o que faz com que os livros acabem amarelando — mas só depois de longos períodos.

Hoje, para combater o amarelamento, muito documentos importantes são escritos e papéis livres de ácidos e com uma quantidade reduzida de lignina para prevenir a rápida deterioração.

Já para documentos históricos não existe uma maneira de reverter o dano causado, mas podemos impedir que a situação piore. É importe armazenar estes documentos ou jornais em ambientes frescos, secos e escuros, da mesma forma que os museus fazem com documentos: armazenando-os em quartos de temperatura controlada com baixa luminosidade.

Além disso, prefira não guardá-los em no sótão ou no porão, lugares geralmente mais úmidos e com temperaturas muito variáveis. Caso queira expor estes documentos, coloque-os dentro de vidros com proteção a raios UV. E mais importante: limite a quantidade de vezes que você manuseia esse documento: nada destrói mais uma valiosa peça de papel do que ficar mexendo nela com frequência.



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Fonte: Gizmodo
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