Drone varrerá Amazônia em busca de civilizações
BBC BRASIL | EDIÇÃO: JOÃO PINHEIRO
O Brasil foi “achado” em 1500 pelos portugueses. Mas quem garante que, antigamente, não existiam outras civilizações no território brasileiro? Um novo projeto pretende escanear o território amazônico em busca de rastros dos antigos povos da região. Veja só!
Cientistas britânicos vão usar um drone para fazer varreduras na Amazônia brasileira e procurar vestígios de civilizações antigas. O avião não-tripulado que será enviado para a região é equipado com um laser que analisa e procura por áreas onde podem ter existido construções há milhares de anos.
O objetivo do projeto é determinar qual era o tamanho destas comunidades milenares e até que ponto elas alteraram a paisagem local.
Os pesquisadores anunciaram a iniciativa durante a reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência [em inglês, AAAS], na cidade de San Jose, na Califórnia.
O projeto, uma parceria entre agências e instituições do Brasil e Europa, já conseguiu uma verba de US$ 1,9 milhão [cerca de R$ 5,3 milhões] do Conselho Europeu de Pesquisa. Dependendo dos dados obtidos, eles também podem ser usados para a elaboração de políticas de uso sustentável da floresta.
Mas a questão mais importante é tentar compreender a escala e as atividades das populações que viveram na Amazônia no final do período antes da chegada dos europeus à América, ou seja, os últimos 3 mil anos antes de 1490.
A equipe internacional vai tentar encontrar na Amazônia os chamados geoglifos, que são grandes desenhos geométricos feitos no chão.
Mais de 450 destes geoglifos, em vários formatos geométricos, foram encontrados em locais onde ocorreu desmatamento.
Mas até hoje ninguém sabe exatamente o que estes círculos, quadrados e linhas representam — há indícios de que fossem centros cerimoniais. No entanto, o que se sabe é que eles são provas de um comportamento coletivo.
“Enquanto alguns pesquisadores acreditam que a Amazônia foi habitada por pequenos grupos de caçadores-coletores ou então por pequenos grupos de cultivavam apenas para a subsistência, que tiveram um impacto mínimo no meio ambiente, e que a floresta que vemos hoje foi intocada por milhares de anos, há cada vez mais provas mostrando que este pode não ser o caso”.
“Estas provas sugerem que a Amazônia pode ter sido habitada por sociedades grandes, numerosas, complexas e hierárquicas que tiveram um grande impacto no meio ambiente; o que nos chamamos de ‘hipótese do parque cultural’”, disse o cientista à BBC.
O projeto de Iriarte prevê o sobrevoo do drone por algumas áreas da floresta que servirão de amostra.
O laser acoplado ao drone vai procurar geoglifos que estão escondidos em regiões ainda não desmatadas.
Parte da luz deste laser, chamado de “lidar” [light-activated radar // radar ativado pela luz, em tradução livre] consegue ultrapassar a barreira das folhas das árvores.
Serão feitas várias inspeções e, se a existência dos geoglifos for confirmada, os cientistas vão tentar determinar mudanças específicas que foram deixadas no solo e na vegetação pelos antigos habitantes.
Essas “impressões digitais” poderão ser buscadas por imagens de satélites, possibilitando uma busca em uma área muito maior da Amazônia, maior do que com o pequeno drone.
“Queremos ver qual é a pegada humana na floresta e então formar uma política [de uso], pois pode ser o caso de que a biodiversidade que queremos preservar seja o resultado de uma manipulação no passado desta floresta”, explicou.
Será que vão encontrar? Fique ligado no Curioso e Cia. Veja outros posts como esse ou sugira um outro por e-mail, por mensagens do Facebook, pelo Twitter com a hashtag #QueroVerNoCurioso ou pelo Ask.FM. Entra aí:
O Brasil foi “achado” em 1500 pelos portugueses. Mas quem garante que, antigamente, não existiam outras civilizações no território brasileiro? Um novo projeto pretende escanear o território amazônico em busca de rastros dos antigos povos da região. Veja só!
Cientistas britânicos vão usar um drone para fazer varreduras na Amazônia brasileira e procurar vestígios de civilizações antigas. O avião não-tripulado que será enviado para a região é equipado com um laser que analisa e procura por áreas onde podem ter existido construções há milhares de anos.
O objetivo do projeto é determinar qual era o tamanho destas comunidades milenares e até que ponto elas alteraram a paisagem local.
Os pesquisadores anunciaram a iniciativa durante a reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência [em inglês, AAAS], na cidade de San Jose, na Califórnia.
O projeto, uma parceria entre agências e instituições do Brasil e Europa, já conseguiu uma verba de US$ 1,9 milhão [cerca de R$ 5,3 milhões] do Conselho Europeu de Pesquisa. Dependendo dos dados obtidos, eles também podem ser usados para a elaboração de políticas de uso sustentável da floresta.
Mas a questão mais importante é tentar compreender a escala e as atividades das populações que viveram na Amazônia no final do período antes da chegada dos europeus à América, ou seja, os últimos 3 mil anos antes de 1490.
Padrões no solo
Mas até hoje ninguém sabe exatamente o que estes círculos, quadrados e linhas representam — há indícios de que fossem centros cerimoniais. No entanto, o que se sabe é que eles são provas de um comportamento coletivo.
“É um debate acalorado agora na arqueologia do Novo Mundo”, afirmou José Iriarte, da Universidade de Exeter, na Grã-Bretanha.
“Enquanto alguns pesquisadores acreditam que a Amazônia foi habitada por pequenos grupos de caçadores-coletores ou então por pequenos grupos de cultivavam apenas para a subsistência, que tiveram um impacto mínimo no meio ambiente, e que a floresta que vemos hoje foi intocada por milhares de anos, há cada vez mais provas mostrando que este pode não ser o caso”.
“Estas provas sugerem que a Amazônia pode ter sido habitada por sociedades grandes, numerosas, complexas e hierárquicas que tiveram um grande impacto no meio ambiente; o que nos chamamos de ‘hipótese do parque cultural’”, disse o cientista à BBC.
Drone e satélite
O laser acoplado ao drone vai procurar geoglifos que estão escondidos em regiões ainda não desmatadas.
Parte da luz deste laser, chamado de “lidar” [light-activated radar // radar ativado pela luz, em tradução livre] consegue ultrapassar a barreira das folhas das árvores.
Serão feitas várias inspeções e, se a existência dos geoglifos for confirmada, os cientistas vão tentar determinar mudanças específicas que foram deixadas no solo e na vegetação pelos antigos habitantes.
Essas “impressões digitais” poderão ser buscadas por imagens de satélites, possibilitando uma busca em uma área muito maior da Amazônia, maior do que com o pequeno drone.
↪ Clique aqui para ver um infográfico mostrando a possível ocupação amazônica por volta do ano 1000...E, a partir deste projeto será possível avaliar como a Amazônia pode ser gerenciada de forma sustentável. Segundo Iriarte, não é possível especular quais seriam as mudanças futuras aceitáveis na Amazônia se não existir uma compreensão completa de como a floresta foi alterada no passado.
“Queremos ver qual é a pegada humana na floresta e então formar uma política [de uso], pois pode ser o caso de que a biodiversidade que queremos preservar seja o resultado de uma manipulação no passado desta floresta”, explicou.
Será que vão encontrar? Fique ligado no Curioso e Cia. Veja outros posts como esse ou sugira um outro por e-mail, por mensagens do Facebook, pelo Twitter com a hashtag #QueroVerNoCurioso ou pelo Ask.FM. Entra aí:
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Fonte: BBC Brasil