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50 anos do Golpe Militar no Brasil

João Pinheiro
Hoje é o dia em que completamos 50 anos após o Golpe Militar de 1964 no Brasil, um movimento que literalmente mudou a história do país. Você lembra como foi e o que aconteceu após isso? Confira aqui no Curioso e Cia.


No começo da década de 1960, o país atravessava uma profunda agitação política. Depois da renúncia do presidente Jânio Quadros (PTN), em 1961, assumiu seu vice, João Goulart (PTB), conhecido como Jango, um homem que defendeu medidas consideradas de esquerda para a então política brasileira.

Faziam parte de seus planos as reformas de base, que pretendiam reduzir as desigualdades sociais brasileiras. Entre estas, estavam as reformas bancária [para ampliar crédito aos produtores], eleitoral [ampliar o voto aos analfabetos e militares de baixas patentes], educacional [valorizar os professores, oferecer ensino para os analfabetos e acabar com as cátedras vitalícias nas universidades] e agrária [democratizar o uso das terras].

O perfil de Jango logo preocupou as elites, que temiam uma alteração social que ameaçasse seu poder econômico. Entre as medidas adotadas para enfraquecer o então presidente está a adoção do parlamentarismo, que, em 1961 e 1962, atribuiu funções do Executivo ao Congresso, dominado na época por representantes das elites. O regime presidencialista foi restabelecido em 1963 após um plebiscito.

A crise econômica e a instabilidade política se propagavam no país. Jango propôs, então, reformas constitucionais que aceleraram a reação das elites, criando as condições para o golpe de 64. Com as reformas, ele pretendia controlar a remessa de dinheiro para o exterior, dar canais de comunicação aos estudantes e permitir que os analfabetos, maioria da população, votassem.

Após o fracasso do Plano Trienal, da economia e dos índices de inflação altíssimos, o governo de João Goulart ficou extremamente enfraquecido e sem apoio. Com isso, os movimentos sociais começaram a fazer pressão, exigindo transformações substanciais na sociedade. Os líderes estudantis da União Nacional dos Estudantes (UNE) entraram em cena, clamando pelo fim da exclusão social e do analfabetismo. Dentro da Igreja Católica surgiram segmentos políticos com orientação socialista que se juntaram aos estudantes nas manifestações da época.

Nesse contexto ocorreu uma rebelião de sargentos em Brasília, que queriam o direito de se candidatar a cargos eletivos. Essa rebelião foi vista pelo alto escalão das Forças Armadas como uma severa ameaça à hierarquia militar.

Num clima de tensão e enfraquecido politicamente, Jango realizou na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, um grande comício no dia 13 de março.

Diante de mais de duzentos mil manifestantes, o presidente assinou decretos de grande impacto popular, como a nacionalização das refinarias de petróleo privadas e a desapropriação de terras, para a reforma agrária, situadas às margens de ferrovias e rodovias federais.

No dia 19 de março, em resposta ao comício do Rio, foi realizada em São Paulo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Na passeata, os manifestantes pediam a Deus e aos militares que salvassem o Brasil do perigo comunista, presente na figura de Jango.

O desfecho para o Golpe ocorreu quando João Goulart apoiou a manifestação dos marinheiros no Rio de Janeiro, em 30 de março. O apoio de Jango foi o estopim para o Alto Comando das Forças Armadas acusar o presidente de conivência com os atos de insubordinação que ameaçavam a hierarquia militar.

Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a tomada do poder e a deposição de Jango. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli (PSD) assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai. [A foto principal do post mostra o ex-presidente Jango deposto, na Vila Militar do Rio de Janeiro em maio de 1965]

Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), decreto militar que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (Arena) foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967.

Nesse sentido, o Congresso Nacional foi pressionado de todas as formas pelos militares para a escolha do novo presidente da República. Através do Golpe Militar de 1964, a história da República Brasileira recomeçava com outro olhar. Era o fim da República Populista e o começo do regime militar, que se estendeu até 1985... ”

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Fonte: Brasil Escola; UOL Escola; Info Escola
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